terça-feira, 7 de junho de 2011

PALAVRAS DE APRESENTAÇÃO DO FESTIVAL


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_O CASTELO EM IMAGENS – 2011

Temos dito, e repetimos, que “O Castelo em Imagens” é um Festival à escala nacional, segundo as dimensões humanas desta bela cidade alentejana que o acolhe. É bom sentir esta planície, nesta terra de aparência pacata, onde se ouve o silêncio e se iluminam as ruas com a luz das estrelas. Queremos ser esta festa anual de cinema e de imagens, em redor do castelo. “O Castelo em Imagens” nasceu da ideia de homenagear e sublinhar a importância histórica, social, cultural, artística e cinematográfica do “castelo”. Emanou de um conjunto de vontades com interesses comuns à volta das muralhas de um castelo (o de Portel), de todos os castelos (inicialmente os portugueses, como é óbvio, mas também todos os castelos do mundo, do mundo “visível”, dito “real”, mas também do mundo da fantasia que só existe no interior de cada um de nós). Falamos de utopias, de castelos idealizados como vida em comum, harmoniosa e fraterna, não dos castelos da violência, da ocupação, da usurpação e da prepotência. O castelo da defesa dos ideais. De Camelot, o castelo dos Cavaleiros da Távora Redonda, por exemplo.
O castelo tradicional tem uma constituição militar, relembra a guerra, quase sempre a barbárie, mas repare-se que o castelo nunca foi arma de arremesso, mas sim de defesa. O castelo, enquanto construção militar tradicional, não sai do seu sítio, não avança, não invade. Defende quem nele se acoita. O castelo é mais um símbolo de resguardo, de protecção, de socorro, do que um ícone de opressão. Toda a História é muito relativa, sobretudo porque escrita ou narrada quase sempre do ponto de vista do vencedor, mas, a uma primeira vista, o castelo não viola, não agride.
Mas o mundo vai mudando e os castelos também com o andar dos séculos. Antes eram construções militares incrustadas no alto de montes, que permitiam vigiar em redor e acolher em caso de assalto. Hoje em dia os castelos são outros, não se vêem nem de longe, nem de perto, guardam o seu poder estratégico no espaço etéreo, e da mesma forma que defendem o seu poder e ordem estabelecidos, investem e agridem na sombra dos teclados, nos burburinhos das bolsas, estabelecem a sua força e violentam com o rating, são manipulados por bancos e banqueiros, arrastam o mundo para convulsões financeiras e económicas que destroem países, e quase nunca se sabe qual o rosto dos senhores da guerra. Eles estão um pouco por todo o lado, da Europa aos EUA, da China à Índia, da Indonésia ao Japão. Estão onde está o capital que não conhece nações nem ideologias. Estão onde o lucro se quer mais rápido e mais excessivo. Exploram em seu nome, exibindo as mais pérfidas e hipócritas justificações. Estes não são castelos de aventuras galantes ou de justiceiros imaculados. Nesta edição de 2011 abordamos dois tipos de castelos: os de Robin Hood, onde se luta pelos mais fracos contra os mais corruptos, e os castelos da nossa crise actual, onde apenas se busca a multiplicação do lucro. Curiosamente, quatro títulos, todos americanos, fornecem-nos pistas curiosas para debater este tema que diz respeito a todos e a todos atinge. Os castelos são outros, as abordagens terão de ser novas. Já não se sobe por escadas para as muralhas nem se tenta forçar a porta principal com aríetes. As estratégias têm de ser outras. Quais? Eis o que fica à imaginação do leitor, mas julgo que quem com a realidade virtual ataca, com esta terá de ser atingido.
Na segunda edição de “O Castelo em Imagens” alargaram-se os horizontes, e criou-se o Concurso Nacional Escolar, dedicado aos jovens em idade escolar, do ensino básico ao superior, que quisessem expressar as suas artes e sensibilidades, os seus conhecimentos e a sua fantasia, em pintura, desenho, fotografia ou vídeo. Com o castelo como tema inspirador, o concurso nasceu, e em boa hora o fez, porque desde a primeira edição se mostrou uma certeza motivadora. Mais de quatrocentos concorrentes, muitos e bons trabalhos incitaram-nos a prosseguir. E progredir. Quaisquer que sejam os outros balanços que se possam fazer deste festival (e esperemos que sejam francamente positivos), esta afluência de obras de escolas e alunos de todas as regiões de Portugal (e igualmente de muitas outras partes do mundo onde há comunidades portuguesas, de Timor ao Brasil, da Europa à América!) é já uma realidade insofismável que coloca Portel no centro nevrálgico de uma nova aproximação do nosso património histórico, cultural e artístico que o “castelo” representa. E demonstra uma vez mais que só é preciso um pouco de imaginação para mobilizar jovens e docentes para novos e aliciantes projectos pedagógicos.
Nesta oitava edição, tal como nas anteriores, serão atribuídos um Grande Prémio e três Primeiros Prémios, um por cada categoria etária, num total de nove Prémios, assim distribuídos: A. Desenho ou Pintura (a) Básico; b) Secundário; c) Universitário); B. Fotografia (a) Básico; b) Secundário; c) Universitário); e C. Vídeo ou DVD (a) Básico; b) Secundário; c) Universitário). Os Prémios serão atribuídos aos concorrentes, em nome individual. A cada um corresponderá ainda, para lá do prémio pecuniário, uma estatueta e um diploma. Às escolas cujos alunos tenham sido premiados serão igualmente concedidos diplomas.
As obras concorrentes serão apreciadas por um Júri independente, que incorporará elementos de reconhecida idoneidade ligados ao campo da Cultura, do Cinema e do Audiovisual ou da História, escolhidos pela organização do Festival, e ainda outros convidados de Portel. Este ano estão previstas no Júri as presenças de Alice Vieira e Leonor Xavier, escritoras, Maria do Céu Guerra, nome maior da arte teatral em Portugal, Aurora da Conceição Carapinha, Delegada Regional de Cultura do Alentejo, Jorge Luís Marques Garcia, professor da Escola de Portel, e Patrícia Gomes da Silva, representante da Câmara Municipal de Portel.
Para lá do concurso, das secções especiais, e das sessões infantis, teremos ainda actividades paralelas, como dois prometedores concertos, a abrir e fechar o certame, Ricardo Soler e The Crow. Por detrás desta iniciativa contámos, como sempre, com o patrocínio da Câmara Municipal de Portel,
e o seu entusiasmo, na pessoa do seu Presidente, Dr. Norberto Patinho, e demais colaboradores, entre os quais é justo destacar o empenho de sempre da Dr.ª Patrícia Gomes da Silva, que vem acompanhando esta iniciativa desde a sua primeira edição. Agradece-se ainda o apoio do Programa de Cooperação Transfronteiriça España-Portugal.
Lauro António
Director de “O Castelo em Imagens”

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